Infertilidade – Introdução

INFERTILIDADE – Introdução

A Reprodução Humana é uma das áreas com maior progresso dentro da medicina.
Desde o nascimento do primeiro bebê de proveta no mundo, em 1978 (Louise Brown, nascida
na Inglaterra, sob os cuidados dos doutores Edwards e Steptoe), um enorme progresso na
investigação e diagnóstico da infertilidade, assim como no desenvolvimento de modernos
procedimentos, tem ocorrido.

Define-se, habitualmente, um casal infértil como aquele que não obtém gestação após
manter relações sexuais, regularmente, pelo período de um ano, sem o emprego de qualquer
método de anticoncepção. Nessas condições, um casal jovem (menos de 30 anos), tem em
torno de 20% de chance de conceber a cada mês. Isto significa que é essencial aguardar certo
período para permitir que o casal engravide de forma natural. Entretanto, mesmo aguardando
um tempo adequado, 10 a 15% dos casais em idade reprodutiva apresentam dificuldades de
gestar.

Deste percentual, apenas 5 % não conseguirão engravidar definitivamente. Para
aqueles casais que estão incluídos nesses 5%, nenhum progresso nesta área terá sido válido.
Agora, se nos dermos conta que, com ou sem a ajuda de profissionais da área de reprodução,
95% dos casais engravidarão se assim o desejarem, parece-nos um fato bastante estimulante.
Contrapondo-se ao conceito, antes tão cultivado pela população em geral, de que a
incapacidade de um casal gerar filhos decorria sempre de dificuldades inerentes à parceira, as
pesquisas mais recentes demonstraram que, em um percentual significativo dos casos, o
problema reside no homem.

E, por isso, independente do problema estar no homem ou na
mulher, o profissional deve atender este casal como uma unidade e, portanto, ambos estão
com dificuldades de gestar ao invés de imputar a “culpa” apenas a um deles. O profissional
deve ter a sensibilidade de que a infertilidade é uma situação delicada e difícil, geralmente
acompanhada de profunda frustração, determinando algumas vezes até a separação do casal.
Se o casal não engravida com os tratamentos convencionais, geralmente é encaminhado para
tratamento especializado da infertilidade.

A infertilidade é um problema do casal, sendo infértil o casal que não consegue obter
gravidez após um ano de relações sexuais regulares, sem o uso de qualquer método
anticoncepcional.
Geralmente, os casais que estão tentando engravidar acham que é muito fácil conceber.
Cabe ao médico orientar que a chance de gestação por ciclo, entre casais férteis, é em torno de
20%. Ou seja, engravidar não é tão fácil quanto parece!

A incidência de infertilidade na população, em geral, é em torno de 10 a 15%.
Entretanto, os casos de infertilidade são muito mais freqüentes quando a idade da mulher é
mais avançada.

PREVALÊNCIA DE INFERTILIDADE

IDADE DA MULHER

1 entre 7 casais

30 – 34 anos

1 entre 5 casais

35 ­ 39 anos

1 entre 4 casais

40 ­ 44 anos

Tabela: Prevalência de Infertilidade em casais, conforme a idade da mulher (modificado
de ESRHE, 1996).

Geralmente, espera-se 12 meses de relações regulares, sem o uso de método
anticoncepcional, para se iniciar a investigação do casal. Após este tempo, 90% dos casais
normais terão engravidado. Como a idade da mulher é o fator prognóstico mais importante
para o sucesso dos tratamentos em infertilidade, em mulheres com mais de 35 anos, podemos
iniciar a investigação após 6 meses de tentativas.

Definições e Conceitos

Infertilidade é a incapacidade de o casal engravidar após um ano de relacionamento
sexual sem uso de contracepção.

A infertilidade é dita:

 

primária quando o casal nunca concebeu e
secundária quando já houve concepção.
pelas alterações da flora intestinal.
O termo esterilidade refere-se ao homem ou a mulher e não ao casal – é a
incapacidade de concepção por métodos naturais (ex. agenesia uterina (ausência do útero),
azoospermia (ausência de espermatozóides no ejaculado)).
Reprodução Assistida é o termo utilizado para o conjunto das técnicas utilizadas no
tratamento da infertilidade conjugal que envolve a manipulação em laboratório de, pelo
menos, um dos gametas: espermatozóides ou óvulos.

As técnicas amplamente utilizadas são:

 

inseminação intra-uterina (IIU),
fertilização in vitro (FIV) e a
injeção intracitoplasmática de
espermatozóides (ICSI).

Incidência/Prevalência

A prevalência de infertilidade parece não diferir através dos tempos; entretanto,
atualmente, mais casais procuram tratamento. Aproximadamente, um em cada sete casais em
países industrializados consulta por infertilidade. Taxas de infertilidade primária variam em
diferentes países, variando de 10% na África a aproximadamente 6% nos Estados Unidos e
Europa. Não existe avaliação precisa quanto à prevalência de infertilidade secundária.

Investigação

Sempre que o casal, ou um dos cônjuges, procura o médico querendo saber de suas
possibilidades de gestação, estará indicada uma investigação inicial, devendo-se fazer uma triagem inicial com a história clínica. Quando na história clínica houver alguma causa óbvia de infertilidade (ex.: ciclos menstruais totalmente irregulares, ausência de menstruação, história de doenças sexualmente transmissíveis que possam ter comprometido as trompas, cirurgias prévias abdominais ou nos testículos, etc.), justifica-se fazer uma investigação mais detalhada e mais precoce.

A maioria dos casais não terá indicações médicas para investigação mais detalhada antes de um ano de tentativas, sendo apenas orientados a terem relações sexuais regulares, e
voltarem à consulta caso não ocorra gestação em 12 meses.

Na primeira consulta, o médico aproveita para orientar medidas que melhorem as
chances de uma gestação saudável:

Imunidade para rubéola?

Se a mulher não apresentar anticorpos para rubéola, ela deverá ser vacinada.

Tabagismo?

Piora a fertilidade, tanto no homem quanto na mulher, bem como o prognóstico da
gestação.

Obesidade?

Mulheres com índice de massa corporal (IMC) acima de 30 devem perder peso (Índice
de massa corporal = peso/ altura2).

A mulher está usando ácido fólico (suplemento alimentar)?

Esta medicação diminui a incidência de fetos com defeitos do tubo neural se usada
antes da concepção até a 12ª semana de gestação.
Bebidas alcoólicas:

pioram a fertilidade tanto no homem quanto na mulher, bem como o
prognóstico da gestação. Seu uso deve ser suspenso durante a gestação.

Drogas ilícitas?

Uso deve ser suspenso, pois interfere na saúde e também na fertilidade.