Os Exames para Cardiologia

OS EXAMES PARA CARDIOLOGIA



OS EXAMES PARA CARDIOLOGIA

Existem diversos exames para diagnosticarmos doenças do coração. Quais os exames que um paciente deve realizar é uma decisão que cabe ao médico que se baseará na história clínica e nos achados de exame clínico feitos no paciente. A sua decisão vai se basear também nos fatores de risco detectados e na intensidade dos sintomas e sinais encontrados.

Para sabermos se existe uma doença cardíaca geralmente se começa pelos exames mais simples e vai-se progredindo até os mais complicados, os de maior risco e os mais onerosos. Essa ordem pode ser alterada conforme a gravidade de um determinado caso.

Os testes podem ser invasivos e não-invasivos.

São testes invasivos:

Ecografia transesofágica.
Cintilografia.
Cateterismo cardíaco.


São testes não-invasivos:

Eletrocardiograma de repouso (ECG)
Radiografia de tórax
Monitorização do ECG por Holter
Ecocardiograma
Teste de esforço
Tomografia do coração e vasos
Ressonância magnética do coração e vasos (RM)
Angiografia digital.


Testes Invasivos

Ecografia transesofágica

É uma ecografia semelhante as não invasoras, em que o aparelho é colocado dentro do esôfago, o que, pela proximidade do coração, permite uma melhor avaliação dos detalhes de algumas válvulas cardíacas. É particularmente útil no diagnóstico de lesões em válvulas causadas pela endocardite.

Cintilografia miocárdica

É um teste em que a captação de um radioisótopo pelo músculo cardíaco é proporcional à sua perfusão. Pode-se fazer o exame em repouso ou sob esforço físico ou farmacológico. Zonas isquêmicas, menos bem perfundidas serão reveladas.

Com o passar do tempo as zonas isquêmicas, com pouco contraste podem ficar iguais às bem perfundidas mostrando ser transitória a isquemia. Diminuição de perfusão que persiste depois de 3 a 4 horas, geralmente indica a existência de zonas de infarto, recente ou antigo.

Algumas doenças infiltrativas do coração, bloqueios de ramo e miocardiopatias dilatadas podem apresentar distúrbios de perfusão persistentes. A cintilografia miocárdica sob esforço tem um índice de acerto de 75 até 90% e um índice de falso-positivo de até 30% (ou seja, de dar positivo quando não é).



A cintilografia miocárdica está indicada para os seguintes casos:

1.

Quando o ECG de repouso ou esforço é difícil de interpretar devido alterações como bloqueio de ramo, baixa voltagem, alterações metabólicas.

2.

Para confirmar ou invalidar o resultado de um ECG de esforço, quando o traçado não concorda com o quadro clínico.

3.

Localizar a zona de isquemia.

4.

Diferenciar uma área de isquemia da de um infarto.

5.

Para confirmar a revascularização depois de uma cirurgia de bypass.

6.

Como um indicador de prognóstico em pacientes com doença coronária conhecida.

Uma das limitações para a realização mais seguida desse exame, em nosso meio, é o seu alto custo.



Cateterismo cardíaco

Através de uma artéria, é introduzido um cateter (sonda) que é dirigido até a aorta e aí nas coronárias, para obtermos a coronariografia ou então cinecoronariografia. Se o cateter ultrapassar a válvula aórtica atingindo o ventrículo esquerdo, injeta-se um contraste para obtermos a angiografia do ventrículo esquerdo. A injeção do contraste radiopaco vai gerar as imagens que podem ser fotografadas ou filmadas ou gravadas em computador.

Quando o contraste é injetado nas coronárias, obtemos imagens que, sendo filmadas, originam a cinecoronariografia, termo muitas vezes usado como sinônimo de cateterismo cardíaco. As imagens assim obtidas permitem ver as artérias coronárias e ver se estão abertas ou obstruídas, parcial ou totalmente.

A coronariografia é o exame mais definitivo para o diagnóstico das doenças desses vasos.

A mortalidade pelo exame é de 0,1 % e a morbidade é de 1 até 5 %, o seu preço é elevado, e por isso é pouco usada como método de diagnóstico de coronariopatias.



A coronariografia está indicada em:

1.

Pacientes em estudo para realização de cirurgia de revascularização ou procedimentos de dilatação das coronárias, naqueles pacientes que não responderam bem à terapêutica conservadora com medicamentos.

2.

Pacientes em que se considera a possibilidade de intervenções, como no ítem anterior, por apresentarem angina instável, angina pós-infarto ou naqueles em que os testes não-invasivos mostram grande probabilidade de doença de alto risco.

3.

Também se faz esse exame em pacientes que tem estenose da válvula aórtica e que apresentam manifestações sugestivas de doença isquêmica. Nesses casos é importante poder saber se as manifestações isquêmicas são causadas pelo baixo débito decorrente da estenose ou se os sintomas são provocados pela doença das coronárias. Um outro motivo para realizar a coronariografia é naqueles pacientes que deverão ser submetidos a uma cirurgia cardíaca por outra razão. Se for detectada uma doença isquêmica, se poderá, num mesmo procedimento, corrigir as duas enfermidades.

4.

Pacientes que foram submetidos a cirurgia de revascularização nos quais os sintomas isquêmicos retornaram. Usa-se para saber se o bypass ou outros vasos estão obstruídos.

5.

Pacientes com insuficiência cardíaca nos quais se suspeita de uma doença cardíaca corrigível pela cirurgia, como aneurisma ventricular, insuficiência mitral ou disfunção isquêmica reversível.

6.

Pacientes com arritmias graves que possam ter sido provocadas por doença coronariana corrigível.

7.

Pacientes com dores no peito de causa desconhecida ou com miocardiopatias de etiologia desconhecida.

A coronariografia mostra o local, o número e o grau de obstrução dos vasos. As obstruções maiores de 50% geralmente são consideradas de significado clinico, embora as obstruções maiores de 70% sejam as que provocam as manifestações isquêmicas. Essas informações são de valor prognóstico.


Prognósticos baseados na coronariografia

O prognóstico difere se tivermos uma, duas ou as três coronárias doentes, e é pior se a principal artéria coronária esquerda estiver comprometida.

Em pacientes com angina estável, 20% têm uma, 30% têm duas e 50% têm as três coronárias doentes. Em 10% encontramos a coronária esquerda principal atingida.

Dos pacientes que têm o ECG de esforço muito alterado ou estudos cintilográficos fortemente positivos, 75 até 95% têm três vasos, ou a artéria principal esquerda, doentes.

Um outro dado importante obtido com a coronariografia é que ela mostra quais os vasos e se esses vasos devem ser submetidos a angioplastia coronária ou se há indicação de cirurgia de revascularização.


Testes Não-Invasivos

(ECG) Eletrocardiograma de repouso

É um dos exames mais realizados. É um exame barato, rápido e fácil de fazer. Exige um aparelho relativamente barato.

As informações dadas pelo exame são relativamente fidedignas, 25 % dos pacientes com angina tem o ECG normal. As alterações decorrentes de angina no ECG podem se confundir com mudanças causada por hipertrofias ventriculares, distúrbios de condução seqüelas de infartos antigos, etc.

O ECG é útil para o controle evolutivo de uma doença cardíaca já confirmadas por outros métodos de diagnóstico.

(ECG esf.) Eletrocardiograma de esforço

O eletrocardiógrafo necessita ser acompanhado de um outro (Esteira ou bicicleta ergométrica) o que já o torna mais oneroso.

O ECG de esforço é o exame não invasor mais útil para avaliar um paciente com angina, principalmente naquele paciente que tem o ECG de repouso normal.

Serve para avaliar o coração sob condições de estresse. Se o ECG de repouso for normal e a história do paciente for sugestiva de uma doença do coração, o ECG de esforço pode mostrar alterações não reveladas no ECG de repouso.


As principais indicações do ECG de esforço são:

1.

Confirmar o diagnóstico de angina.

2.

Determinar a severidade da limitação causada pela angina.

3.

Determinar o prognóstico com doença coronária conhecida, inclusive nos infartados em recuperação, afim de detectar os pacientes de risco maior ou menor.

4.

Avaliar a resposta ao tratamento

5.

Também usado como screening para descobrir, entre a população assintomática, os portadores de doença.

Existem diversos protocolos para a realização do ECG de esforço. O mais usado é o de Bruce, que aumenta a velocidade e a elevação da esteira a cada 3 minutos e é limitado pelos sintomas.

Pelo ECG de esforço podem ocorrer mortes ou infartos; a incidência é de 1 acidente por cada 1000 exames realizados. O perigo é maior nos pacientes com angina instável. A estenose aórtica é uma contra-indicação para o exame. O teste deve ser abortado se ocorrer hipotensão arterial, angina persistente, arritmias importantes ou alterações no ECG. Se houver mais do que 3 a 4 mm de depressão no segmento ST deve-se suspender o esforço antes de chegar ao limite determinado para a idade e doença do paciente.

Quem deve indicar a realização de um Eletrocardiograma de esforço é o seu médico. Não faça o exame por conta própria.O exame só deve ser realizado na presença de um médico especialista.

Radiografia de tórax

Uma radiografia pode revelar se há crescimento da cavidades ou de todo o coração. Pode mostra alterações vasculares ou pulmonares como causa ou repercussão de uma doença cardíaca.

Monitorização (Holter)

Aparelho usado para registrarmos um eletrocardiograma durante muitas horas afim de detectarmos arritmias. O paciente registra num diário as suas atividades e sintomas afim de podermos correlacionar esses dados com eventuais arritmias registradas.

Monitorização de pressão arterial

Esse aparelho mede e registra a pressão arterial a intervalos determinados durante varias horas. Serve para verificarmos as oscilações da pressão arterial conforme as diversas influências a qual uma pessoa é submetida durante as 24 horas.

Ecocardiograma

É um exame que permite avaliar as medidas e a mobilidade das paredes das diferentes cavidades do coração, as válvulas cardíacas e sua capacidade funcional, o fluxo do sangue e a direção desse fluxo. Revela ainda anomalias congênitas ou adquiridas do coração. Analisa o pericárdio, revelando e a presença ou não de derrames. Por dados obtidos no ecocardiograma, podemos avaliar a função do coração e através de exames periódicos fazer um diagnóstico evolutivo de doenças e suas conseqüências.

Tomografia computadorizada (TC)

É um exame oneroso, mas que pode oferecer boas imagens do coração e detalhes de suas partes. A tomografia de coronárias é, hoje, um dos principais exames, não-invasivos e mais objetivos, para se detectar doenças obstrutivas de artérias coronárias ou, então,
se revelar a probabildade de doença presente ou futura de coronárias, baseado-se no índice de cálcio.
Este exame é realizado, principalmente, quando se suspeita de doença coronária. Ele também é usado em pacientes
com evidências de doença coronária e que não querem se submeter à cinecoronariografia. De um modo geral, se a angiotomografia
revelar doença coronária grave, o paciente deve ser submetido a cinecoronariografia, a qual auxilia com maior
precisão na indicação terapêutica a ser seguida, que pode ir desde a cirurgia, com pontes de safena e mamária,
ou a colocação de stents, ou condutas conservadoras. O exame é feito com a injeção de um contraste numa
veia e, na seqüência, são realizadas um grande número de tomografias em
poucos segundos e, a seguir, o computador funde as imagens fornecendo aos médicos dados anatômicos bastante
precisos para orientar a conduta médica. É usada, também, para a avaliação da aorta, massas como coágulos ou tumores, ou doenças do pericárdio. O exame é muito seguro. Devemos cuidar com a alergia aos contrastes que contenham iodo.

Ressonância magnética (RM)

O computador gera imagens que permitem uma boa observação do miocárdio, identificar zonas lesadas por um infarto, mostrar defeitos congênitos e avaliar os vasos de maior calibre como a aorta.

A sua vantagem sobre a TC é a de não ser prejudicial ao organismo por não ser uma energia ionizante, gerar imagens de alta resolução sem usar contrastes, dar imagens tridimensionais, terem alto índice de contraste quanto aos diferentes tecidos, e por produzir imagens que não são distorcidas pela presença de ar ou líquidos em torno das estruturas que se quer observar.

O exame é particularmente útil para diagnosticar doenças da aorta, do pericárdio, doenças congênitas antes ou depois de correções cirúrgicas, doenças do músculo cardíaco, principalmente tumores cardíacos ou do pulmão que, por vizinhança, tenham invadido o coração.

A ressonância magnética pode também ser usada para avaliar a morfologia das câmaras cardíacas, a função global ou regional dos ventrículos e a existência de regurgitações valvulares.

Existem estudos para a aplicação da RM no estudo dos fluxos de sangue nas coronárias, no músculo cardíaco com ou sem o uso de substâncias estressantes para o coração.

Angiografia digital

É o registro de imagens de vasos. Esse método é usado para avaliar os vasos do coração ou cérebro e permite ver se existe e onde existe uma obstrução ou diminuição de fluxo do sangue. Usa-se para isso um contraste que é injetado numa veia. O aparelho de RX deve ser capaz de obter imagens muito rapidamente.