Aleitamento Natural X Aleitamento Artificial

ALEITAMENTO NATURAL x ALEITAMENTO ARTIFICIAL

O ideal é que o bebê seja amamentado, exclusivamente, no peito por pelo menos 6 meses, pois desta forma haverá:

 

trabalho dos músculos dos lábios, língua e face, facilitando a elevação da língua e o vedamento dos lábios.
preparação da musculatura para futura mastigação.
reforço da respiração nasal.
preparação dos músculos para boa mobilidade na produção dos sons da fala.
desenvolvimento do terço inferior da face e da maxila, para bom posicionamento dos dentes.
crescimento da mandíbula,entre outros benefícios.

Estamos falando do que é ideal, mas nem sempre o ideal é possível. Nem sempre a realidade da vida das mulheres permite que isso aconteça; então, muitas vezes entra em campo a tão famosa mamadeira. Que nem de longe se compara ao seio materno, tanto em forma como em função. Algumas até que tentam se aproximar, mas não é possível criar forma, consistência e matéria prima tão perfeita quanto o peito da mãe, não é ?

Para saber um pouco mais sobre estas diferenças, a seguir vamos traçar paralelos entre estas duas formas de alimentação.

Mamadeira X Peito

Uma das principais diferenças entre a mamadeira e o peito é a proctabilidade, ou capacidade de distensão, de elasticidade, de um e outro. Os bicos de borracha (fig. 1) são significamente menos elásticos que o bico natural (fig. 2), portanto não se amoldam à boca da criança como deveriam, impedindo o bom posicionamento e trabalho da língua.




Fig. 1 – amamentação na mamadeira

( “SOS Respirador Bucal”, Gabriela Dorothy de Carvalho, pág. 226, fig. 13.12 )

amamentação na mamadeira

A – Posição da língua no bico fisiológico B – posição da língua no bico Ortodôntico

Nos dois casos (A e B ) observar a posição da língua e comparar com a fig 2.




Fig. 2 – amamentação no peito

(“SOS Respirador Bucal”, Gabriela Dorothy de Carvalho, pág. 235, fig. 13.14 )

amamentação no peito

A,B,C,D e E sequência de posicionamento da língua na ordenha, mostrando a
passagem da onda peristáltica que conduz o leite por toda a extensão do mamilo.

 

Outra diferença é como a criança abocanha o bico, chamamos isso de “pega”. Na “pega” avaliamos como os lábios são utilizados para promover o vedamento entre lábios e bico, para que a amamentação possa ocorrer. No aleitamento natural os maiores responsáveis por uma boa “pega” são o lábio superior e a abertura adequada da boca, que faz com que todos os músculos da boca funcionem em equilíbrio. Já no aleitamento artificial é o lábio inferior que atua mais intensamente e a abertura de boca não acontece na amplitude necessária causando desequilíbrio dos músculos e, portanto, desequilíbrio da função sucção.
Durante a “pega” do mamilo, ocorre um alongamento adequado do mesmo e ele toma a forma da cavidade bucal do bebê, fazendo com que haja correto posicionamento e funcionamento da língua (fig.2 A – E). Já na “pega” do bico da mamadeira, a boca se adapta a ele, pois é feito de material (silicone ou látex) rígido e não pode ser alterado. Nesse caso, a língua não terá condições de posicionar-se e trabalhar corretamente e, como consequência, teremos uma língua flácida, sem tonicidade suficiente para manter-se dentro da boca.
Uma outra diferença é a maneira como a criança extrai o leite do bico. No aleitamento natural o leite é extraído por meio de movimentos anteroposteriores da mandíbula, realizados por determinados grupos musculares. Esses movimentos são os responsáveis por produzir o crescimento e desenvolvimento da mandíbula, preparando os músculos para que no futuro a criança possa mastigar alimentos com todos os graus de consistência. Na amamentação artificial estes mesmos grupos musculares são praticamente ignorados, não realizando nem 30% do seu potencial. Consequentemente, não existe estímulo de crescimento e desenvolvimento mandibular e, com isso, a criança manterá o retrognatismo fisiológico (queixo para trás, fig. 3 e 4), além do que a musculatura responsável pela futura mastigação não será tonificada, portanto sem o preparo adequado.




Fig. 3 e 4 – Retrognatismo Fisiológico (queixo para trás)

Retrognatismo Fisiológico

fig. 3 Índios Yanomamis 1971 – http://www.cleber.com.br/yanomamis/spoyano.html

fig. 4 http://julianwainwright.wordpress.com/page/2/

O processo da deglutição (ato de engolir), na mamadeira distingue-se completamente da deglutição no peito. No peito a coordenação dos movimentos da língua, seu correto posicionamento enquanto descansa e enquanto trabalha, o local onde o leite é depositado farão com que a deglutição ocorra normalmente. Ao contrário, na mamadeira onde os grupos musculares utilizados não são os que deveriam ser, a língua não é bem posicionada e o leite extraído sendo depositado em local que favorece engasgos, favorece o processo alterado da deglutição.
A criança amamentada no peito precisa em média de 10 a 20 minutos em cada um deles para se satisfazer por completo. Desta forma, ela estará alimentada, terá sua musculatura exercitada e terá suas necessidades afetivas e neurológicas supridas. Uma criança amamentada na mamadeira precisa em média de 5 a 7 minutos para ingerir o leite (aproximadamente 180 ml), tempo suficiente para satisfazer suas necessidades nutricionais, mas tempo insuficiente para satisfazer as necessidades anteriormente referidas.
Uma última diferença é que o tempo maior no peito permite que o estômago digira com mais facilidade o leite, pois apresenta pré-digestão intrabucal. O leite ingerido em pequenas quantidades também é digerido por partes, não apresentando, portanto, grande distensão estomacal. A ingestão rápida na mamadeira promove distensão rápida das paredes do estômago, podendo provocar diarreias e cólicas.

Está claro que amamentar o bebê no peito só traz vantagens, não é?

Na realidade, esta é a melhor opção, mas caso isso não possa ocorrer, existem orientações da melhor forma de alimentar seu bebê através da mamadeira, causando o mínimo de danos possíveis.