Pacientes Especiais na Odontologia

PACIENTES ESPECIAIS NA ODONTOLOGIA

PACIENTES TRANSPLANTADOS NA ODONTOLOGIA

Uma adequada situação bucal e salivar do paciente transplantado proporciona melhora no estado geral desses, menor risco de infecções oportunistas que ameaçam a vida, maior qualidade do tratamento oferecido e prevenção de lesões bucais que possam interferir no bem estar dos pacientes.

O conhecimento da odontologia, prevenindo e tratando infecções bucais, aliado às atividades multidisciplinares na área da saúde, colabora no tratamento integral e resolutivo dos pacientes transplantados.

O tratamento integral e multidisciplinar é fato relevante e hoje fundamental nas ciências da saúde em geral, e em especial nos casos de pacientes oncológicos ou com transplante de órgãos.

O tratamento educativo preventivo é o muito importante e é recomendável que o atendimento odontológico seja feito por cirurgião-dentista, especialista em pacientes com necessidades especiais, capacitado a estabelecer o diagnóstico precoce e correto manejo dessas enfermidades.

PACIENTES PRÉ TRANSPLANTES

Exemplificando com os pacientes pré-transplante de rim, enfatizamos que a expressão insuficiência renal crônica refere-se a um diagnóstico de perda progressiva e supostamente irreversível da função renal de depuração, ou seja, diminuição da filtração do sangue pelos rins. Expressa uma fase em que o rim não é capaz de exercer suas funções o que é essencial para o corpo humano.

A perda das funções excretoras e regulatórias dos rins causa manifestações bucais e salivares que implicam no tratamento odontológico a esses pacientes. O dentista destas pessoas deve considerar os aspectos salivares, dentários, periodontais (gengivais), hematológicos (exames de sangue), cardiovasculares e a implicação na prescrição e uso de medicamentos, além da avaliação do potencial envolvimento de outros órgãos e sistemas.

As condições bucais e salivares, mais frequentes, verificadas em pacientes com insuficiência renal crônica são: alteração na percepção do sabor, dor ou ardência na língua ou mucosas, fragilidade capilar gerando sangramento ou “bolhas de sangue” (petéquias), língua saburrosa (ficando com a superfície esbranquiçada), sensação de boca seca e úlcera bucal (tipo afta).

Várias manifestações bucais têm sido associadas à insuficiência renal crônica e correlacionam-se com a gravidade da condição sistêmica. A diminuição da função de coagulação do sangue pode resultar em hemorragia nas mucosas e gengiva. A situação deve ser avaliada antes de procedimentos odontológicos.

Esse grupo de pacientes apresenta ainda alta prevalência de diabetes e hipertensão (pressão alta), que podem interferir também na saliva. A diminuição do fluxo salivar (quantidade de saliva na boca) é um achado comum em pacientes diabéticos descontrolados.

O tratamento odontológico deve ser realizado em dias em que a hemodiálise não é realizada, e deve-se avaliar a necessidade de realização de profilaxia antibiótica (uso de certa dosagem de antibiótico antes do procedimento).

PACIENTES TRANSPLANTADOS

As pessoas que recebem transplantem de órgãos são chamadas de pacientes transplantados e devem usar medicamentos para evitar que as defesas do corpo (sistema imunológico ) rejeite os novos tecidos. Ocorre que o organismo pode identificar o transplante como estranho ao seu organismo e rejeitá-lo. Por isso, os pacientes transplantados têm fragilidade em suas defesas naturais (são imunodeprimidos, imunocomprometidos ou imunossuprimidos). Essa fragilidade (imunossupressão) provoca, frequentemente, repercussões na cavidade bucal, que podem ser localizadas, ou fazer parte de um quadro de doença disseminada por todo o corpo.

As infecções bucais em pacientes com baixas defesas (imunocomprometidos) tendem a ser mais fortes e recorrentes, algumas vezes, resistentes aos tratamentos local e sistêmicos. É grande o número de pacientes transplantados com alterações bucais como cárie, doenças nas gengivas (periodontal) e outras afecções causadas por bactérias, fungos ou vírus. Tais condições dificultam a alimentação por via oral e apresentam risco de disseminação por todo o organismo (sistêmica).

Além da maior propensão a doenças infecciosas, determinada pela imunossupressão, os pacientes transplantados estão sujeitos à redução do fluxo salivar (quantidade de saliva produzida) induzida por medicamentos, fato que torna a mucosa bucal mais suscetível ao desenvolvimento de lesões.

As principais manifestações bucais encontradas em pacientes transplantados, mantidos sob terapia imunossupressora, são: candidíase – infecção por fungos conhecida como “sapinho”; infecções bacterianas, como a periodontite, que é a inflamação dos tecidos que sustentam os dentes que são as gengivas, o osso e o ligamento periodontal, e ainda infecções virais como o herpes. Em pacientes receptores de transplante, também são constatados aumento do volume da gengiva entre os dentes (hiperplasia gengival).

As úlceras bucais (semelhantes a aftas) podem ter causas diversas, incluindo-se a ação dos agentes imunossupressores. Muitas dessas lesões merecem consideração especial, pois podem alterar gravemente a qualidade de vida do paciente imunodeprimido, causando dor, incapacidade mastigatória, perda de apetite, desnutrição e risco de infecção generalizada. Esses quadros agravam o estado geral do paciente, dificultando o seu restabelecimento e aumentando o tempo de permanência em situações críticas e de internação hospitalar.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado das lesões na boca, podem melhorar a qualidade de vida do paciente.
Portanto, pacientes receptores de órgãos transplantados são mais susceptíveis a lesões bucais, quadros que podem implicar risco de vida destes. Dependendo da fase pós-transplante a intervenção odontológica deve ser limitada aos quadros de real necessidade. Nos primeiros três meses, atua-se somente evitando e tratando as possíveis infecções. Em um período posterior, as intervenções devem ser realizadas com cautela, avaliando-se o tipo e grau de imunossupressão.